Após fazer história no Clubbers, Luiz Lopes inicia sua jornada solo com o projeto Bozito. O artista, ao lado de John Patrício, foi um dos responsáveis por lançar um dos maiores hits da música eletrônica brasileira, em colaboração com Vintage Culture, a track “Memories”, pela Spinnin’ Records.
Da Califórnia, Bozito conversou com o Portal B2B e nos contou um pouco sobre sua trajetória, sua história e suas pretensões para o futuro. O artista, no último dia 30, lançou a track “On My Mind”, um remix feito para o duo Rozzen, que oficializou o início do projeto.


Portal B2B: Fala Bozito, tudo bem cara? Pra começar, conta um pouco sobre como foi seu primeiro contato com a música eletrônica!
Bozito: E aí, bom demais e você? Então, acho que o meu primeiro contato com a música eletrônica foi o mesmo da galera da minha geração. Ouvíamos bastante aqueles CDs da “Jovem Pan na Balada”, LASGO, KASINO, Flash House e isso tudo me influenciou a começar a curtir o estilo.
Portal B2B: E quando você se interessou por música e decidiu que queria levar isso pra sua vida?
Bozito: Quando eu tinha uns 14 anos, me interessei mais por música e comecei a pesquisar como fazia pra ser DJ. Na época, eu já trabalhava e lembro que falei com minha mãe que estava juntando dinheiro e queria comprar uma CDJ, aí ela: “Quê? CDJ? O que que é isso?”. Eu respondi que era equipamento de DJ e ela: “Não, vai mexer com isso não. Se você quer aprender música, vou te dar um violão!”. Entrei na aula de violão e fiquei estudando uns 3 anos da minha vida, frustrado, porque eu não tinha virado DJ. A partir daí, comecei tocar violão numa banda na escola, depois na banda da igreja, onde aprendi também a tocar teclado. Já toquei em banda cover de RBD, de Axé e várias outras.
Portal B2B: Em que momento a vontade de ser DJ falou mais alto e você decidiu seguir por esse caminho?
Bozito: Antes de eu entrar pra faculdade, eu era fotógrafo daqueles sites de eventos que tinham antigamente. Nas festas, eu sempre ficava vendo o DJ tocando e lembrando: “putz, ser DJ é doido demais, queria ter aprendido”. Com uns 17 anos, eu já ia bastante em festa de música eletrônica, ia nas raves e nos shows grandes que rolavam na cidade. A partir daí, comecei a organizar algumas festas em BH e ficava sempre enchendo o saco do DJ que eu contratava pra me ensinar a tocar. Como eu era o dono da festa, eu ficava perguntando “Mano, como que faz isso?” “E isso aí? Como que você fez?”. Como alguns eram meus amigos, eles me ensinavam. Tinha noite que a casa tava vazia e eu ficava lá tocando sozinho e achava incrível.
Portal B2B: E como foi o processo de aprender a tocar?
Bozito: Junto com isso tudo, no meu trabalho, eu deixava o Virtual DJ aberto no PC, aprendendo a mixar. Na época, lá não tinha internet a cabo, era só discada, e eu ficava baixando música o tempo todo. Minha chefe tentava me ligar e o telefone da empresa só ficava dando ocupado. Às vezes, era um cliente importante e, logo em seguida, ela ligava brava e eu respondia: “Não, é porque eu tava com um outro cliente aqui na linha e acabou agarrando” . No Virtual DJ, eu só ficava passando uma música pra outra, sem saber como era uma mixagem, abaixava o volume de uma e aumentava o da outra. Mas, com o tempo, com ajuda de alguns amigos, fui pegando prática e entendendo o processo.
Portal B2B: Quando você começou a tocar nas festas e a se apresentar como DJ?
Bozito: Fiquei muito tempo tocando nas festas que eu organizava. Eu não me colocava como atração, mas sempre que a casa tava vazia, bem no início da festa, eu fazia alguns warm ups, até pra aprender a tocar e pra pegar bastante confiança. Lembro que a primeira vez que colocaram meu nome num flyer, eu fiquei felizão e me senti realmente um DJ.

Portal B2B: E quando foi que você decidiu se tornar também um produtor?
Bozito: Meu foco sempre foi ser um DJ de música eletrônica. Mas, no início da minha carreira, eu tocava literalmente de tudo. Porém, eu percebi que a galera da música eletrônica não via com bons olhos DJs que tocavam todos os outros estilos e, para eu conseguir tocar nos grandes clubs de BH e para entrar na cena, eu teria que virar a chave e focar totalmente o meu projeto. Com isso, eu que tinha oito datas por mês, passei a ter duas, três, no máximo. Nessa época, consegui tocar em algumas festas grandes de BH, tocava nos grandes clubs da cidade, como o Deputamadre, a Roxy, mesmo sendo apenas um DJ set. A partir disso, tive uma segunda virada de chave, que foi quando entendi que, para ser uma grande atração, receber um cachê mais alto e ter relevância para a festa, eu teria que produzir minhas próprias músicas.
Portal B2B: E qual foi o seu primeiro contato com a produção musical?
Bozito: O meu primeiro contato com a produção musical foi com um amigo, o Gian. Falei com ele que queria aprender a produzir e que estava procurando algum curso pra fazer. Ele disse que me ensinava e eu ia pra casa dele toda semana fazer algumas aulas. A partir disso, a gente criou um projeto juntos, o “Korova Club”, que era uma referência ao “Laranja Mecânica”. Quando lançamos esse projeto, os contratantes começaram a olhar com outros olhos. Fizemos um remix oficial para o Jota Quest e tínhamos vários sons autorais. A partir daí, as coisas foram acontecendo. Mas, infelizmente, o projeto não foi pra frente, nós estávamos com ideias diferentes na época e cada um seguiu para um lado. Pouco tempo depois, já estava mais avançado na produção, mas achava que precisava melhorar a qualidade das minhas músicas, então, dei ideia no John, na época estávamos começando com o Clubbers, e fomos fazer um curso de produção na AIMEC.
Portal B2B: O Clubbers foi um dos projetos de maior sucesso dos últimos anos no Brasil. Como você e o John decidiram juntar forças e criar o duo?
Bozito: Eu e o John já estávamos fazendo alguns sons, algumas collabs e tal. Ele também sempre me mandava uns mashups pra tocar e a gente tinha uma relação bem legal. Durante a Copa do Mundo de 2014, a gente tava na rua e decidimos ali mesmo fazer um projeto juntos, e daí nasceu o Clubbers. Porém, nós só fomos tocar mesmo em janeiro de 2015, na Substance, do Marcelito. A festa já estava marcada, algumas tracks já estavam prontas, mas não tínhamos um nome. Ficamos um fim de semana inteiro pensando em um nome para o projeto e, na pressão, surgiu o Clubbers.
Portal B2B: E como foram os primeiros passos?
Bozito: Cara, como a gente começou a tocar já na Substance, que é uma festa muito grande em BH, as pessoas foram conhecendo mais o projeto. No início, o John falava que não queria tocar, ele curtia ficar só no estúdio produzindo. Mas, com o tempo, ele foi pegando confiança e a gente começou a ir junto pro palco também. Como estávamos focados na produção, tocávamos em algumas festas grandes de BH e do interior e o nosso nome foi crescendo aos poucos. O Vintage, na época, tava tocando bastante o nosso remix da “Latch”, para o Disclosure, e isso também ajudou que o nosso nome crescesse na cena.
Portal B2B: Qual foi o momento que você considera como a “virada” na carreira?
Bozito: Sem dúvidas, foi com a Memories, em 2017. Até aqui, como eu tinha dito, a gente tava tocando bastante em BH, em festas do interior de MG, chegamos a tocar até no BH Dance Festival, que é um festival muito grande. Mas, só depois da Memories que realmente nós começamos a rodar o Brasil e a entrar de fato no circuito.


Portal B2B: Conta um pouco sobre como foi o processo de mudança para os Estados Unidos?
Bozito: Minha namorada veio passar um tempo aqui nos Estados Unidos e, no início de 2020, eu consegui uma brecha na agenda do Clubbers para vir visitar ela. Só que o meu passaporte estava vencido e eu não sabia, daí eu tive que cancelar meu voo. Nessa época, tava começando um assunto de “coronavírus” aqui, outro ali, mas no Brasil não tinha quase nenhuma informação sobre isso. Eu remarquei o meu voo para o fim de março de 2020 e o John sugeriu de eu ficar um mês aqui nos Estados Unidos, que seria o tempo certo que voltaria junto com a minha namorada para o Brasil. Fizemos o último show no dia 07 e, na semana seguinte, eu estava no estúdio e recebi um e-mail da companhia aérea dizendo que meu voo tinha sido cancelado. Eu conversei com a pessoa responsável e falei que precisava ir para os Estados Unidos. Ela me orientou e disse que o último voo do Brasil para os EUA era no dia seguinte e em São Paulo. Perguntou se eu queria ir e, na hora, eu respondi que sim.
Portal B2B: Então, a ideia era ir para os Estados Unidos e voltar no mês seguinte?
Bozito: O combinado era nós ficarmos um mês aqui, até o dia 22 de abril. A agência já ficou em cima, perguntando quando eu ia voltar, porque tínhamos shows agendados pra abril, maio. Lembro que, quando cheguei aqui, já tinha uma conversa no aeroporto de fechamento de fronteira, de aeroportos, e eu sem entender nada. Cheguei em Los Angeles, no primeiro dia de lockdown, a cidade parecia um The Walking Dead. Não tinha nem carro na rua, tudo fechado, as pessoas de máscara. Parecia que eu tava em outro mundo. O prazo do lockdown só ia estendendo. Passava de 15 dias, pra 30, 60. Aí pensamos, vamos voltar pro Brasil, né? Tamo aqui sem fazer nada, tudo fechado. O voo que estava marcado para o dia 22 de abril foi cancelado e remarcado para 07 de maio. Chegou no dia 05, voo cancelado. Ligamos na companhia para tentar entender a situação e a resposta era que só teríamos voo em junho. Chegou próximo de junho, voo cancelado de novo. Ligamos novamente para a companhia e a resposta dessa vez foi que teria voos do Brasil para os EUA só em outubro. Ficamos sem saber o que fazer aqui. A única maneira que encontramos de permanecer aqui foi fazendo a extensão de visto.

Portal B2B: Conta pra gente um pouco mais sobre essa nova jornada que você tá começando em solo americano!
Bozito: Então, uma das razões de eu ter vindo para os Estados Unidos passar um mês aqui foi justamente para colocar as ideias em dia. Eu estava me cobrando muito no Brasil, passando por uns perregues de estresse e de cansaço muito grandes. Quando você está num projeto grande, existem muitas cobranças. Cobranças de logística, da agência, da fã base e, principalmente, sua autocobrança. Essa última é, sem dúvidas, a que mais pesa, e isso acaba fazendo com que as coisas não fluam muito bem. Por viajar bastante, eu tinha paralisia do sono com muita frequência, até nos voos rápidos, de uma, duas horas. Acabou que eu precisava de um tempo e decidi fazer essa viagem para os Estados Unidos, mas a pretensão inicial era a de voltar em 1 mês para o Brasil, com tudo em ordem. Porém, devido à pandemia, nós fomos estendendo nossa estadia aqui e novas ideias foram surgindo. Aqui, consegui ver o panorama da situação e tomei a decisão de ficar aqui nos Estados Unidos e começar algo com a minha identidade. A partir daí, as coisas se acertaram e agora tá tudo muito bom!
Portal B2B: Agora que você está iniciando o projeto Bozito, quais são suas pretensões para o futuro?
Bozito: A ideia inicial é começar o projeto por aqui e tentar alcançar esse novo público, quero entrar de cabeça no mercado americano. O projeto vai ser focado no house e no tech house. Para essas vertentes, a cena dos EUA é muito forte, é bizarro. À medida que as coisas forem acontecendo, vamos vendo como continuar. A vida aqui já está normal, festivais gigantes já estão acontecendo. Fui no Chris Lake na semana passada, no show do Monolink e tem vários outros rolando já.
Portal B2B: Quais têm sido suas maiores referências para tocar e produzir nessa nova trajetória?
Cara, Don’t Blink, John Summit, Chris Lake, Cloonee, Dom Dolla, Noizu são algumas das maiores referências que eu tenho usado pra tocar e pra produzir.
NOVA TRAJETÓRIA!
No último mês, no dia 30, Bozito lançou a track “On My Mind“, um remix feito para o duo Rozzen que saiu pela gigante Sony Music. A música possui elementos que remetem às referências citadas pelo artista, muita energia e a experiência dos anos de carreira. “On My Mind” dá início ao projeto e chega chegando com os dois pés na porta!
Confira:
Esse, pessoal, foi Luiz Lopes Bozito, o nome por trás do projeto Bozito, que saiu diretamente de Minas Gerais para conquistar o mundo lá fora! O Portal B2B deseja todo o sucesso do mundo para ele e esperamos que vocês tenham curtido bastante esse bate-papo!