Quanto o assunto é versatilidade na pista, é impossível não falar do Open Format.
De forma muito criativa, o DJ que trabalha com o Open Format se dedica inteiramente à conexão com o público e à criação de atmosferas, que cada ocasião pede. E, claro, muitas vezes, ele é também o responsável por dar aquele boost na pista – colocando uma sequência impecável de músicas, que ganham o coração do público.
O Portal B2B conversou com dois nomes de peso do Open Format, residentes aqui de BH: DJ Stockler e DJ Mayrink. Se você também frequenta a noite belorizontina, muito provavelmente já foi em alguma festa que um deles estava tocando.
Confira a seguir o que eles contaram para a gente!

ENTREVISTA | DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: OPEN FORMAT
PORTAL B2B: O que é open format?
DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: “DJ Open Format é aquele que não está atrelado a um gênero musical apenas. Nessa categoria, é comum mixar vários estilos no mesmo set, transitando do rock ao samba, do hip hop ao funk, sem perder a intimidade com a pista.
Geralmente esse profissional usa uma grande bagagem técnica para criar uma “história” personalizada em cada evento que se apresenta.”
PORTAL B2B: Em que tipo de festa o Dj open format costuma se apresentar e em qual Horário?
DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: “Grandes casas noturnas, pequenos aniversários, casamentos, formaturas, eventos coorporativos, festas de 15 anos, confraternizações, lançamentos de marcas, intervalos de grandes festivais, warm up de grandes atrações e etc.
Com o briefing detalhado e o tempo certo de preparação, o dj “open format” provavelmente estará apto a se apresentar em qualquer GIG.”
PORTAL B2B: Como é o processo de construção do set?
Cada DJ tem sua própria maneira de construção de suas apresentações, então segue como cada um de nós faz a sua:
DJ MAYRINK: “Geralmente costumo realizar uma “reunião de repertório” com o contratante, nessa reunião definimos as músicas que não podem faltar, horários e momentos especiais do evento. A próxima etapa é feita em casa, com horas e horas de pesquisa. Todo evento que faço é contemplado com uma playlist personalizada contendo todas as músicas importantes para aquela pista, levo comigo as recomendações do contratante, recomendações de amigos e sons que eu mesmo considero indispensáveis. A partir dessa playlist consigo ter um norte durante a festa e quando é necessário a minha biblioteca maior, com mais de 20 mil músicas, está sempre a disposição, assim consigo levar 6 horas de evento ou mais com a pista feliz e contente.”
DJ STOCKLER: “A construção do meu set varia muito de acordo com o local e festa que vou me apresentar. Se for uma balada que já conheço, ao saber o horário e a temática da festa, já tenho na cabeça o que vai funcionar na pista. Quando é um evento privado, seja corporativo, casamento, 15 anos ou social, faço uma reunião com o contratante para nos conhecermos e definirmos o estilo que querem que toque e quais também querem que não toque, para ter um norte no desenvolvimento. Claro que isso não exclui a criatividade musical, apenas é um guia para a apresentação.
Para ambos os tipos, há o trabalho em casa, seja de pesquisa musical, interação entre transições, escolha de versões diferentes de músicas e preparação do repertório de uma maneira geral. Quando são apresentações mais longas, levo um “esboço” do que irei fazer. Quando são apresentações mais curtas, posso criar um set mais elaborado que tem uma sequência pronta, ou fazer a mixagem na hora com o que for sentindo na pista. Varia de contratante para contratante e festa.”

PORTAL B2B: DJ de Open Format também produz música?
DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: “Todo DJ, músico e entusiasta pode começar a carreira de produção musical. É menos comum ver djs da categoria “open format” no ramo da produção de beats, mas com certeza podemos classificar produtores como Wc no Beat, Ruxell, Diplo e Dj GBR como djs “open format” que levam à produção musical como carro chefe da carreira. Existe um mercado possível para nós também que é a produção de trilhas personalizadas para as entradas dos noivos, mashups exclusivos para a valsa de uma debutante e comercialização de versões únicas de músicas tradicionais mais adequadas para as pistas, o que chamamos de DJ Friendly.”
PORTAL B2B: Quais habilidades específicas o DJ de Open Format precisa ter?
DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: “Esse profissional precisa ter habilidades avançadas, tanto na área técnica quanto na área de comunicação. No primeiro ponto, a habilidade se refere a mixar diferentes faixas de BPM, transitar entre diferentes estilos sem perder a narrativa, conhecer bem sua biblioteca, dispor de técnicas de mixagem que mantenham o ritmo da pista constante, sempre estar atualizado com o que há de novo nas pistas. Na parte de comunicação, o DJ precisa fazer um bom networking entre contratantes, conhecer seu público, e ter uma boa presença de palco durante as apresentações, o que é um grande diferencial no mercado.”
PORTAL B2B: A técnica de mixagem é diferente dos DJs de música eletrônica?
DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: “Apesar de também fazermos beat match, mixar “in key” ou seja, harmonicamente, precisamos ser bem mais versáteis na hora de transitarmos entre gêneros e BPMs diferentes. Para criar nossa história na pista, devemos entender qual música vai funcionar depois da outra, seja fazendo a pista aumentar a energia, seja para diminuir essa energia, dependendo do que queremos como resultado final. Não queremos dizer que é exclusividade nossa, existem vários DJs de eletrônica que são excepcionais em suas apresentações.”
PORTAL B2B: Quais os maiores desafios?
DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: “O maior desafio de ser tão versátil é justamente quando precisamos ser o oposto disso, em um evento de eletrônico, por exemplo, a pista pode ser mais difícil para nós do que para djs residentes da casa ou da festa. Se um determinado evento caminha para uma direção que se caracteriza como seu ponto fraco, se torna muito complicado suprir aquela necessidade por muito tempo. E é por isso que estamos sempre nos reinventando e estudando novos estilos sempre, já que devemos estar preparados para qualquer tipo de situação.”
PORTAL B2B: Cite alguns perrengues que já enfrentaram:
DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: “Problemas com a polícia e vizinhança, por conta de som alto e confusão; Contratante que não queria pagar o combinado, mesmo com o contrato assinado em mãos; Equipamentos de baixa qualidade ou estragados; Parente da dona da festa que se acha o dono da festa e começa a dar ordens para o DJ; Eventos em outras cidades cancelados em cima da hora, sem aviso prévio; Viagens longas e conturbadas para tocar no interior.”
Quais os principais Djs de Open Format no Brasil?
DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: “Rodrigo Mantega, Nedu Lopes, Tucho, DJ A, Cinara, Babi Dj, Morenno, Guto Loureiro, Baco, Shinnpa, Gunnga e falando dos residentes em BH, temos nós (Mayrink e Stockler), Vitor Sobrinho, Leo Bacha, Vavá, Lauro Malloy, Valber, Vinicius Amaral, Jaka, Zeu, Rafael Xavier, e aproveitamos para dar aquele alô para todos do ramo que já se consolidaram a mais tempo na cidade.”
Quais referências vocês seguem e como fazem as pesquisas das músicas?
DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: “Sets de outros djs são uma ótima referência sempre, desses set lists é possível pegar uma veia de sons, que vem do outro lado do planeta, por exemplo. Também são fontes de novidades, os “charts” de cada país, billboard, dj mag, spotify, e outros canais realizam esse tipo de ranqueamento das músicas mais bombadas de cada ano. Também buscamos referências no youtube, e assinamos sites de músicas, como DJ City, BPM Supreme, entre vários outros. Não podemos deixar de citar, nosso amigo para todas as horas, o Soundclound.”


PORTAL B2B: Tem algum estilo de música que vocês não tocam de jeito nenhum?
DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: “Não. Se o contratante pedir, a gente toca. Mas não quer dizer que iremos tocar um sertanejo em uma festa de eletrônico, por exemplo.”
PORTAL B2B: A carreira de um DJ Open Format pode ser promissora?
DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: “E como! Nossa área de atuação é muito ampla, fazendo com que nossas agendas estejam sempre cheias. Podemos falar que vivemos com a renda das apresentações já a bastante tempo, e o mais legal disso tudo, é que ainda sobra tempo para dedicarmos à hobbies, família e quem sabe, uma fonte de renda secundária durante a semana.
Um Open format bem posicionado no mercado pode faturar de 10 mil a 50 mil reais por mês. Também é comum Djs que faturam entre mil e cinco mil reais por mês, dependendo da sua área de atuação, onde quer chegar, e seu direcionamento no mercado.
As competições de DJs também são uma área de atuação muito significativa, de forma cultural essas competições colocam em destaque os nomes que irão representar a tribo ‘Disc Jockey’ para a sociedade. Os Dj Contests surgiram de dentro da cultura Hip Hop, neles os competidores colocam à prova todas as suas técnicas e criatividade diante de um júri composto por mestres da discotecagem. Goldie Awards, Red Bull 3style e DMC são os campeonatos mais famosos e qualificados existentes, em BH é possível participar do Hip House que acontece anualmente de forma on-line e presencial.
Também não podemos deixar de citar as fontes de renda secundárias da categoria. Sejam elas, sendo professor, produtor de conteúdo, radialista, para aqueles que se aventuram na produção musical, venda de beats, royalties, Djs que trabalham em edits, mashups e tudo mais para ‘pool sites’, que são aqueles de assinatura mensal, que disponibilizam músicas exclusivas. As possibilidades são enormes no mercado!”

“Viramos DJ pelo amor à música, e tocamos Open Format porque acreditamos no lema “no genres”, e queremos sempre inspirar as outras pessoas, seja para conhecer novos estilos, seja para cultivar novos clientes e antigos.”
PORTAL B2B: Dicas para Djs Open Format que estão no início da carreira?
DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: “Organize desde já sua biblioteca de músicas, ela será sua base para todos os eventos e quanto mais variada ela for, melhor!
Em seguida procure aprender o básico da discotecagem onde você puder, seja no Youtube ou com amigos.
Mais para frente faça uma especialização em algum curso de discotecagem da sua escolha, almeja sempre ser o mais profissional possível.
Arrume sua casa antes de tudo também. O que quero dizer é, deixe suas redes sociais convidativas e posicionadas, para que as pessoas possam se interessar pelo seu trabalho. Crie sua identidade. Não dá para fugir de um marketing bem feito. Além disso, tenha um press kit em mãos, e um modelo de contrato pronto.
Não se esqueça de sair de casa! Esteja sempre em contato com os contratantes de sua cidade, faça amizades, e seja verdadeiro, SEMPRE. Isso vale para qualquer trabalho que você possa exercer na vida.”
PORTAL B2B: E, por fim, quais as expectativas para o futuro?
DJ STOCKLER E DJ MAYRINK: “Estamos sempre almejando levar felicidade para as pistas, queremos que ali, naquele momento, as pessoas se sintam bem com os amigos ou com a família. Nós nascemos para levar diversão ao público e provavelmente é isso que faremos até o fim. Viramos DJ pelo amor à música, e tocamos open format porque acreditamos no lema “no genres”, e queremos sempre inspirar as outras pessoas, seja para conhecer novos estilos, seja para cultivar novos clientes e antigos. Então, provavelmente ainda nos verão na pista durante longos anos!”

E aí, curtiu conhecer um pouco mais sobre esse gênero da música eletrônica tão importante para fazer a cena acontecer?
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