Festas, raves e festivais são lindos né? A gente vê nas redes sociais aquelas imagens do público alucinando de alegria, a decoração deslumbrante, a tenda, o palco e os artistas… mas já pararam pra pensar que tudo isso vem da leitura e da perspectiva dos profissionais do audiovisual que estão lá para imortalizar aqueles momentos?
Nessa matéria então quem está em foco são eles!


Geralmente invisíveis, escondidinhos atrás das suas poderosas lentes, os fotógrafos e cinegrafistas de eventos têm a nobre missão de registrar os eventos, capturando a essência da festa em fotos e vídeos por meio de um olhar aguçado e muita tecnologia! Câmeras de última geração, gimbal, drone e softwares de edição são algumas das ferramentas que esses verdadeiros artistas operam em busca do enquadramento perfeito para transmitir a energia do momento capturado! O trabalho produzido faz parte fundamental da cadeia de produção dos eventos: seja para cobertura artística, produção de aftermovies, peças de marketing ou simplesmente revelar ao mundo a alegria e os sorrisos das pessoas na pista temos que as imagens são tão importantes quanto o evento em si!
Por isso, o Portal B2B traz para vocês a visão de três profissionais mineiros reconhecidos em Belo Horizonte pela cobertura de inúmeros eventos, raves e festivais por aqui! Num papo descontraído Allyson Camargos, Curol e Joelson Viana compartilharam suas experiências conosco e revelaram como é trabalhar retratando o microcosmo que é uma festa de música eletrônica, qual o olhar, postura, alegrias e desafios dessa atividade essencial e maravilhosa que é o audiovisual!



Todos os três entrevistados iniciaram suas carreiras em eventos de música eletrônica de forma distinta: para a Curol tudo iniciou com parcerias com a prestigiada agência mineira Season Bookings ao fotografar eventos de psytrance e, após um tempo, foi fotógrafa exclusiva do Alok em algumas de suas apresentações; Joelson Viana iniciou no mundo audiovisual fotografando casamentos, mas logo o amor pela música eletrônica o fez migrar! Motivado pelo majestoso festival Universo Parallelo começou a investir cada vez mais nesse nicho até ter a oportunidade de fotografar o famoso produtor brasileiro Vegas (BR), a partir daí acompanhou o DJ pelos palcos em várias cidades do Brasil e se consolidou referência profissional!; já Allyson Camargos parece ter o audiovisual em seus genes: de uma família de fotógrafos e cinegrafistas, o videomaker se formou em Cinema e atuou em longas e curtas-metragens e videoclipes por alguns anos. Envolveu-se na produção audiovisual de eventos de música eletrônica após cobrir as apresentações do DJ Nill e do Rafinha Conde (dos projetos Black Jacket e Talking Dirty) na Boombay de 2015… depois disso as demandas por suas coberturas sedimentaram sua carreira de videomaker!
Allyson: “Cara, eu tento sempre estar descansado, sorrir, brincar com o máximo de pessoas que puder e deixar todo mundo bem à vontade tanto diante a câmera, quanto diante os imprevistos da produção, além de estar sempre em busca de novidades”.
Ao lidar com personalidades famosas e em um ambiente rodeado pelo glamour artístico os fotógrafos e cinegrafistas devem entender sua função ali e não abusar dos acessos ao backstage para nada além de registrar os momentos, sobre isso dizem:
Curol: “Ter postura, respeito e evitar agir fora do contexto da função de fotógrafo. Ser humilde e paciente”.
Joelson: “A gente está ali pra registrar, e não participar da cena. ”
A preparação para execução do trabalho também é exaltada pelos três profissionais: formalizar em contrato, atenção aos horários e se atentar para possíveis imprevistos (como levar câmeras e baterias extras) e até mesmo questões menos óbvias como definir as prioridades do que será registrado – estrutura, decoração, público etc.:
Allyson: “É importante chegar cedo, observar a pista, conhecer os contratantes, definir prioridades e ter sempre uma bateria reserva. ”
Curol: “É importante ao fechar com o produtor oferecer todo seu leque de produtos, deixando claro o “antes, durante e depois”, que no meu caso também envolve um trabalho de divulgação para certos eventos, a edição e a disponibilidade das imagens em alta resolução para download e a hospedagem das fotos, em formato web, em site próprio. Com isso o produtor do evento não precisa se preocupar nem com a hospedagem do álbum! Esse é meu tipo de entrega. ”
Joelson: “O profissional precisa entender que o serviço é para o produtor do evento, por isso busco fotografar e filmar o que o evento precisa em cada momento… há fotos em que cabem uma visão mais artística, com a estrutura e espontaneidade, outras mais documentais mesmo, como os DJs e o público em geral”.
Os profissionais também compartilharam algumas dicas e ideias que desenvolveram ao longo dos anos de experiência e ao serem questionados acerca da visão que se deve ter para executar o trabalho de registrar os momentos revelam que estar atentos ao ambiente é fundamental para uma boa captura:
Allyson: “Eu tento hoje, manter um padrão de várias coisas que “deram certo” com o tempo. Em cada trabalho eu testo alguma coisa, seja uma tecnologia, uma transição, um efeito ou uma técnica… Sempre puxando pro artístico mesmo, afinal, eu trabalho com arte” – “busco deixar o vídeo da forma mais atrativa possível, para o artista/produtor e para o público”;
Joelson afirma ser necessário compreender cada festa com suas nuances, tanto em porte quanto em natureza, exemplificando que o trabalho em uma festa urbana, de caráter mais mainstream/comercial, tem diferença em relação ao trabalha realizado em uma festa underground, uma rave ou em uma pvt – e isso também varia em relação ao horário: “fotos do público a noite em uma rave, por exemplo, são mais posadas, enquanto de dia predominam as espontâneas… a estrutura física do evento também dita muito na composição do material audiovisual produzido”;
Curol menciona que é a música que vai indicar o momento: “A interpretação do contexto dos elementos nos faz preparar previamente o click. Exemplo: o momento certo de pegar fogos e efeitos geralmente é no drop. Para pegar mãos pra cima é antes do drop, e olhos fechados, durante alguma melodia”.
O networking, diversificação dos produtos oferecidos e a constante inovação e atualização foram destacados pelos entrevistados:
Joelson considera que a diversificação dos serviços, de fotografias para vídeos, possibilitou um salto em sua carreira: “A fotografia é boa para se divulgar e o vídeo é bom de vender… o vídeo é para o produtor do evento e as fotos são para o público, por isso nos álbuns com muitas fotos há tanta interação, marcações e engajamento. ”
Ainda, o fotógrafo e videomaker chama atenção para a importância do ‘networking’: “Quem não é visto não é lembrado”, afirma indicando que frequentar os eventos nos quais pretende trabalhar é um ponto fundamental e que as mídias sociais, como o Instagram, possibilitaram uma acessibilidade real com produtores e artistas e deve ser utilizada.
Sobre os desafios e dicas para quem quer entrar nessa função dizem:
Joelson: “As dificuldades começam as vezes dentro de casa, por questões familiares em relação à carreira até ser reconhecido e conquistar seu espaço no mercado. Tem que ter muita resiliência, paixão e persistência para conseguir se firmar, esse é o maior desafio. ”
Allyson finaliza dizendo que o maior desafio atualmente é o de se manter atualizado: “eu estudo todo dia, assisto coisas, busco referências, invento técnicas.“.
Aos que querem iniciar nesse mundo o cinegrafista adverte: Primeira dica, você não vai ficar rico (risos)! Bom, eu não sei bem se é uma dica, mas eu acho que tem que fazer por amor… dá pra aprender muita técnica em cursos caros e até em vídeos grátis na internet, mas o “feeling” mesmo da parada, tem que vir de dentro. ”
Por fim, ao tratar sobre a (des)valorização do profissional do audiovisual Curol e Joelson apontam que a postura do fotógrafo/cinegrafista “se prostituir” para participar, seja estarem ali pelo status ou topando permutas, contribui para desvalorização da atividade.
“O contratante deveria ser racional e pensar na qualidade da cobertura pois a mesma é um investimento de marketing. Deveria levar em consideração que muitas vezes “o barato sai caro” na tentativa de economizar. O histórico de fotos de qualidade, produzidas por um profissional valorizado, servem durante anos para a produção de peças publicitárias.” Afirma Curol.